quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A morte e o medo

A postagem da Dai me fêz lembrar de algo que lí hoje: falta de medo mostra-se, na verdade, ao termos coragem de sermos de verdade quem somos. Com os nosso erros, nosso passado, nossas angústias, nossas dúvidas, nossas encrencas, nossas antipatias, nosso chulé, nosso mau hálito.

Por que lembrei disso? Porque é tudo medo: medo de sermos quem somos, medo da dor, medo da morte. E sugiro termos coragem de sermos quem somos mesmo com o medo, da morte ou do que quer que seja. Não é fácil, mas também não é impossível. Difícil é passar a vida cansado tentando ser quem não é. Sendo acuado, com medo de ser descoberto.

Imaginemo-nos como os cachorros nos vêem. Eles nos percebem exatamente como somos. Cachorros não entendem as regras sociais, não lêem o resultado da camada fina de etiqueta que aprendemos a mostrar. Eles nos enxergam pelo que fazemos, sentem o cheiro do que somos por dentro, e aceitam apenas isso, esperam apenas isso de nós. Meio chato mas tão realista. Quando cachorros cheiram agressividade em nós, eles não tem nenhum jeitinho de disfarçar isso socialmente. Eles atacam. É o pragmatismo canino.

Nós também, animalmente, percebemos na verdade quem o outro é. Muitas vezes não queremos que seja, não queremos ver, fingimos e gastamos uma energia enorme fingindo não ver, mas nosso corpo sabe.

Sob minha lente (imitando a Dai - adorei a chamada ao blog, Dai), na minha experiência, cada vez que eu abro mais e mais o que me vai dentro da alma, a reação dos outros - quando são bons - é similar. Eles também se abrem.

Se não se abrem, puff!, automaticamente estão mostrando que de fato não são de confiança. Um bom jeito de filtrar o pessoal do bem.

Então com medo e tudo, convido nossos fiéis e teimosos leitores a escancarar o medo. Vamos nos identificar por aí.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Esperando a morte chegar

O ser humano é uma figuraça ímpar!
Todo mundo segue uma linha, uma ideologia, ou pelos menos tenta. Ou pelo menos passa a impressão de que sabe alguma maneira de conseguir alguma coisa, qualquer coisa, todas as coisas.
Quando vira o ano e nos preenchemos de metas e objetivos, reforçamos a ideia de que temos uma diretriz. Sabemos exatamente o que fazer para nos tornarmos melhores e mais eficientes perante os próprios seres humanos.
Isso, contextualizado com o estilo de vida de cada um, pode até parecer coerente, afinal, os tempos são outros e, se ficar o bicho pega e se correr o bicho come. Uma loucura.

Mas será que se tirarmos esse contexto frenético conseguiríamos idealizar um caminho mais humano, natural e que objetive o bem do coletivo e não apenas o de sua atual conjuntura individual?

A única e incontestável verdade é que iremos morrer. Você que lê esse texto, você vai morrer! Não fique triste, nem irritado, eu não tenho nada a ver com isso, mas você vai morrer, assim como qualquer outro. E qualquer outra maneira de enxergar a morte que não seja com naturalidade representa algum problema em encarar a realidade.
Sejamos maduros, e vamos brincar de viver. Vamos fazer filhos, não evitar filhos. Eles serão seu principal projeto, serão sua melhor jogada financeira, e aquele que oferecerá mais retorno. Não se limite em um, o filho é a sua única ligação com o futuro, seu maior feito, e o que vai deixar sua maior marca nesse mundo.
Sejamos maduros, e vamos brincar de morrer. A ciência nos faz acreditar em um prolongamento de nossas vidas, mas não somos eternos, e mesmo assim ainda fazemos questão de ignorar a única verdade incontestável sobre a vida, nossa morte.

Sob a minha lente, o velório tinha que ser como festa de 15 anos, onde se passa as fotos do falecido num telão, todos aplaudem na entrada e se emocionam na dança, a despedida.
Temos que entender que triste não é morrer, mas sim subjugar a vida, sem ser você mesmo, sem arriscar, se privando de atividades prazerosas, se privando de ter filhos, se submetendo a trabalhos infelizes, amizades superficiais e relacionamentos vazios. E essa realidade está se tornando mais comum do que panfletagem em época de eleição. Uma catástrofe.
Agindo assim, desperdiçando nossas vidas com sentimentos incompletos e sem seguir nossos instintos, não viveremos, e sim estaremos fadados a só esperar a morte chegar, sem tirar nem por.