quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Salvem o planeta (aham, tá bom.. o planeta)


A frase com o apelo é antiga.

A presença de Marina Silva na campanha eleitoral traz um sutil holofote para o assunto. Ainda assim, a candidata do famigerado "desenvolvimento sustentável", e da preservação ambiental parece padecer de um mal: a indiferença de toda a população para esse tipo de questão. Al Gore, outro político, derrotado nas eleições presidenciais norte-americanas em 2000, é responsável pelo excelente documentário "Uma Verdade Inconveniente", no qual fala da urgência de trazer as questões ambientais para o centro das atenções. 

Ao escolher o título de seu documentário, Al Gore foi preciso: de fato, é uma verdade inconveniente, que a grande maioria ainda insiste em ignorar, e alguns fazem de conta que agem, quando na verdade fazem coisas mínimas, para alívio de consciência e nada mais.

Me lembro de um pequeno adesivo pregado em minha antiga monark ranger: "chega de meio ambiente. lute por um inteiro". Também recordo do "Clube Ecológico" que a escola montou quando eu ainda era criança. A árvore símbolo era um jequitibá, árvore da mata atlântica, não do cerrado. Depois perceberam o erro, e mudaram para jatobá. O clube vendia camisetas para os alunos,  ensinava a não jogar lixo na rua e fazer coleta seletiva de lixo. Um bom começo, claro. Outro dia recebi um e-mail, já faz algum tempo. Falando da tal "Hora do Planeta", quando todos devem desligar as luzes para mostrar que ligam para a Terra.

À época eu escrevi um post sobre o assunto: qualquer um é capaz de apagar uma luz. Entretanto, poucos se dispõe a realizar ações efetivas em prol da preservação, por um simples motivo: é desconfortável deixar o carro em casa para andar de ônibus ou metrô; é difícil prestar atenção todas as vezes que usa copos descartáveis, ou guardar o copo pra 15 minutos mais tarde quando for tomar mais café; escrever no verso da folha de papel às vezes é ruim; e assim segue.  É relativamente simples entender o descaso: as mudanças são para salvar o planeta. É o que se diz, via de regra.

Todavia, a questão é outra, completamente diferente: o planeta está ótimo. Para a Terra, a única coisa capaz de destruir sua pacata vida seria o fim do Sol. Afinal, a "vida" de um planeta normal é orbitar ao redor de sua estrela, e isso a Terra continua fazendo muito bem.

Stephen Hawking recentemente declarou que as perspectivas de sobrevivência da raça humana nos próximos 100 anos é mínima. Ao explicar sua opinião, que chocou a muitos, ele foi bastante claro: esse planetinha não comporta tanta gente, os recursos são finitos e mal utilizados, nós mudamos nosso meio constantemente, e crescemos de maneira assustadora.

Aí verifica-se o verdadeiro ponto que sensibilizaria as pessoas: não estamos falando de salvar rãs, jacarés ou baleias. Não se trata somente do hábito condenável de caçar baleias por questões culturais no Japão, de arrancar barbatanas de pobres tubarões inocentes nas Américas, ou da extração de marfim na África. Nem se trata do planeta. É outro animal, que vai inevitavelmente seguir a fila  da extinção. 

A Terra, meus caros, estava aqui muito antes, e permanecerá (salvo em caso de guerras nucleares), exatamente como sempre. Quem caminha sobre ela, é irrelevante. A vida, de uma ou outra forma, encontra meios de sobreviver. Seja através das superbactérias que nós, os prepotentes, não conseguimos matar, ou das baratas. Talvez, no futuro, os humanóides descendentes de baratas sejam mais inteligentes que nós.

O que a grande maioria não percebeu é que descemos das árvores, entramos e saímos das cavernas, e nos tornamos um eficiente parasita.... de nós mesmos.

2 comentários:

  1. o planeta está bem...
    enquanto isso, a humanidade que moralmente já está mal há mto tempo, vai se expulsando da própria casa e tentando ignorar o assunto

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  2. E na realidade o assunto sustentabilidade e meio embiente tem caído na banalidade. Fala-se tanto, mas o povo encara sempre de maneira leviana, tanto é que, para alguns, 'aquecimento global' significa que as pessoas passarão a usar, em vez de 30, fator 40 no protetor solar.

    E o planeta tem sacudido, as coisas mais bizarras têm acontecido e a única atitude que muitos tomar é mudar o canal.

    beijo

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